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REINO FUNGI

Breve abordagem ao Reino Fungi e à sua importância no planeta.


1.O Papel da Micologia na Natureza

Amanita Caesarea

Os fungos são seres desprovidos de clorofila, sendo heterotróficos atuando e alimentando-se através da contaminação e inoculação de todo o tipo de matérias orgânicas. Sendo que este Reino tal como outros difere-se pelo seu grau de importância na regulação e equilíbrio tanto no papel do carbono, como na manutenção de ecossistemas.

Os fungos colonizaram a terra provavelmente durante o Câmbrico (há 542 – 488 milhões de anos), muito antes das plantas terrestres.


Autor: Jónatas Henriques de Almada
Fonte: “O Reino Fungi São Eucariontes Aclorofilados Heterótrofos por absorção”

Os fungos são seres eucariontes, maioritariamente multicelulares com baixa diferenciação ou unicelulares (às leveduras, por exemplo) heterotróficos por absorção (com digestão extracorporal).


As células dos fungos caracterizam-se pela presença de uma parede celular de quitina e pela ausência de plastos.



2. O que são os fungos?


Fonte: http://atricolinabiologa.blogspot.com/2019/04/reino-fungi.html

Micélio sendo o corpo do fungo formado por uma série de filamento ou hifas

geralmente brancas, que vivem debaixo da terra ou entre húmus e restos orgânicos, e até sobre outros fungos, plantas ou animais. Micélio constitui então a parte vegetativa do fungo, crescendo em todas direções e formas, como é exemplo as formações em círculos completos, denominados "círculo das bruxas”.



Carpóforo ou vulgarmente conhecido como “cogumelo”. Do extremo de alguns micélios germina o corpo frutífero: o “cogumelo ou carpóforo”, formado na maioria, por tecido estéril.

A fertilidade e propagação destes é conhecida pela área de “himénio”, que corresponde às lâminas, os tubos, os agulhões e, em certos casos, com a superfície lisa

Fonte:http://www.boticasparque.pt/dados.php?ref=cogumelos

ou ligeiramente enrugada. Esta fertilidade sexuada normalmente acontece por esporos que sendo microscópios, que são propagados dezenas de milhares, e certos casos biliões de esporos, começando assim um novo ciclo. Também pode ocorrer assexuadamente através da fragmentação, em que cada pedaço origina um novo micélio.






3. Tipos de cogumelos com maior importância comercial


A classificação do reino Fungi é controversa, com aproximadamente cem mil espécies, cerca de duas mil espécies de cogumelos pertencentes a trinta géneros que são consideradas comestíveis. Contudo, apenas cerca de vinte espécies ou mais são apreciadas como alimento e, poucas são produzidas tanto para fins alimentares como medicinais (ex: Penicilina do fungo - Penicillium).

A adaptação evolutiva a um modo de vida terrestre necessitou uma diversificação das estratégias ecológicas para a obtenção de nutrientes, incluindo o parasitismo, o saprobismo, e o desenvolvimento de relações mutualistas como as micorrizas e a liquenização.


Assim dividem-se em três grupos principais atendendo à forma como vivem, assim sendo:


3.1 Micorrízicos


Os fungos micorrízicos apresentam-se na natureza em interdependência direta com as plantas, uma das mais bem conhecidas associações, tendo uma importância significativa para o crescimento e persistência das plantas em muitos ecossistemas. Esta simbiose aparece apenas em dois grupos na natureza, nos líquens e nos micorrízicos.


O fungo envolve ou penetra nas raízes das plantas extraindo açucares e vitaminas dessas. Ao contrário, a planta ou a árvore extrai do fungo água, nutrientes e outras substâncias benéficas.

Fonte: https://repositorio.utfpr.edu.br/ - pág. 20

Muitos cogumelos apreciados se desenvolvem assim, tais como quase todas as espécies de Boletus, Russulas e Lactarius.


Ao mesmo tempo, que se pode potencializar os nossos bosques para silvicultura fúngica para, aproveitar de maneira mais racional, os recursos micológicos e potencializar as produções em áreas já existentes ou a reflorestar.



Pois além da produção de cogumelos silvestres (cerca de 200 a 500kg por hectare/ano dependendo da espécie de fungo, como por exemplo, a trufa dá cerca de 20 a 30kg), também aumenta cerca de 30% o crescimento da planta, mais 20% de produção de frutos (castanhas, bolotas e pinhões), melhora absorção de água, sódio, potássio, fósforo, azoto e zinco, e melhora a proteção extra que favorece contra patógenos, stresse nutricional e hídrico.


Dependendo de cada espécie o crescimento varia entre o 3º e o 5º ano. As plantas são distribuídas uniformemente pela área a reflorestar, sendo que as micorrizadas irão contaminar as outras pelo contacto dos sistemas radiculares. São instalações que não permitem mobilizações de solo, nem herbicidas, com risco de destruição deste fungos benéficos e produtores de cogumelos no nosso bosque. Motivo pelo qual ainda é uma prática pouco explorada.

Estas combinações já existem no mercado e estão disponíveis a adquirir desde a planta já micorrizada, ou em gel, ou pastilhas com inóculo do fungo, espécies como:


1º B. E., 2º B. P., 3º L. D., 4º H. R. - Fonte: http://www.boticasparque.pt/dados.php?ref=cogumelos


1-Boletus Edulis com Castanheiros, Carvalhos, Sobreiros, Bétulas, Faias e Azinheira

2-Boletus Pinophilus com Coníferas

1- Boletus Edulisphilusosus com Coníferas

4- Hydnum repandum com Coníferas

Tuber melanosporum com Azinheira e Avelã



Outros cogumelos possíveis de encontrar em bosques em Portugal:

Lactarius Rugatus, Lactarius torminosus, Boletos Aereus, Russula virescens, Boletus Aestivalis, B. Regius, Russula vesca, Russula Cyanoxantha…




3.2 Saprófitos


São decompositores que habitam na matéria orgânica morta, vegetal e animal. Contribuindo para os processos de formação de solo, e restituindo-o de minerais e outras substâncias nele contidos sendo fundamentais nos ciclos bioquímicos nos ecossistemas. Este trabalho é extremamente importante na natureza, pois sem ele todas as matérias vegetais apodreciam muito lentamente, e não haveria a transformação de todos os resíduos em final de vida, em terra fértil, com minerais e nutrientes prontos para servirem de alimento para o Reino das Plantas.
















(Fonte: 1º P. Ostreatus, 2º Kit embalado: “Produzido nas formações de Ser Recurso e Fungi Farm”)


São também uma grande oportunidade de valor ambiental, económico e social, pela sua fácil produção, reduzidos custos de investimentos, valorização de recursos urbanos e desperdícios que podem ser usados para a produção de cogumelos. Parece-me então que esta área da micologia se encontra desvalorizada verificando-se pela pouca oferta de espécies (normalmente cogumelos das espécies Agaricus Bisporus, Lentinulla Edodes e Pleurotus Ostreatus), que se pode encontrar nos mercados.

As espécies encontram-se disponíveis em laboratórios (exemplo Fungi Perfect / Aromas e Boletos) onde se pode adquirir o micélio/spawn para reproduzir com um substrato (borras de café, palha, serradura…) pasteurizado, ou mesmo identificá-los nos nossos variados bosques de Portugal, como:


(Fonte de imagem: 1º P. Ostreatus, 2º P. Citrinopeleatus, 3º P. Djamor - “Produzido nas formações de Ser Recurso e Fungi Farm” ;4º M. Procera - "No âmbito de passeios de identificação de Ser Recurso")



Entre outros que se encontram na flora portuguesa, tais como:

Amanita Caesarea, Amanita Ponderosa, Terfezia Arenaria, Cantharellus Cibarius, Leccinnum Versipelle, Clitopilus, Morchella, Agrocybe Aegerita, Auriculae-Judae…




3.3 Fungos Parasitas


Os parasitas, hospedeiros que abrigam outros organismos em seu interior ou o carrega sobre si, seja este um parasita, um comensal ou um mutualista. Estes extraem do organismo vivo nutrientes que necessitam para sobreviver. Abrigam-se em organismos como árvores, animais, insetos e humanos. Normalmente atuam devido a situações de deficiência nutricional, infeções, ou outros desequilíbrios biológicos, podendo até matar o organismo do qual habitam.


Também existem cogumelos comestíveis deste tipo como as seguintes:


1º - Sparassis-crispa 2º - Polyporus-squamosus



Importancia do Reino Fungi


Podemos concluir que a importância deste Reino vai muito além pelo que normalmente é conhecido e com muita pouca atenção nossa este foi a fundação de toda a vida neste planeta.


"Os fungos constituem um dos reinos da vida - uma categoria tão ampla e ocupada quanto “animais” ou “plantas” - e fornecem uma chave para a compreensão do nosso planeta. No entanto, os fungos receberam apenas uma pequena fração da atenção que merecem. A melhor estimativa sugere que existem entre 2,2 e 3,8 milhões de espécies de fungos na Terra - até 10 vezes o número estimado de espécies de plantas - o que significa que, no máximo, apenas 8% de todas as espécies de fungos foram descritas . Destes, apenas 358 tiveram sua prioridade de conservação avaliada na lista vermelha da IUCN de espécies ameaçadas , em comparação com 76.000 espécies de animais e 44.000 espécies de plantas. Em outras palavras, os fungos representam apenas 0,2% de nossas prioridades globais de conservação ."

Seu papel diário com a exceção de algumas bactérias, o Reino Fungi contribui para natureza sendo o maior reciclador e decompositor das matérias orgânicas, vegetais e animais, e até não orgânicas, em terra fértil, restituindo substâncias à natureza.

Descobertas recentes dos fungos Zalerion maritimum, Pestalotiopsis microspore e Aspergillus tubingensis trouxeram alguma esperança para o grave problema que temos no mundo do plástico (poliuretano/poliéster) que são encontradas seja em aterros, mares, rios, solos.. Estes são capazes de digerir estes resíduos em ambiente anaeróbico decompondo-os em pouco tempo.


A sua importância vai muito mais além do seu papel medicinal e gastronómico, de produtos altamente nutritivos e de excelência, pois é fundamental para a regulação do equilíbrio do planeta.




Para finalizar, deixamos alguns vídeos explicativos que possam também incentivar ao conhecimento micológico:







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Referências Bibliográficas:

-Michael, E.(2008). Cogumelos - Guia claro e simples para sua identificação, Everest Editora

-Juan, R. (2006) Guia de cogumelos do Alto Tâmega, Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega

-Ana Ramos et al. (Março, 2019) Cogumelos Produção, Transformação e Comercialização, Publindústria, Edições Técnicas


Referências webgráficas:



https://aem.asm.org/content/77/17/6076 (Biodegradation of Polyester Polyurethane by Endophytic Fungi)


https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0269749117300295 (Biodegradation of polyester polyurethane by Aspergillus tubingensis)



https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0048969717302577 (Biodegradation of polyethylene microplastics by the marine fungus Zalerion maritimum)





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